Um hobby caro, um trabalho gostoso.

por | dez 6, 2020

Foi em 1965 que Luiz Baptista começou a interessar-se por carros antigos. Naquela época, a falta de dinheiro levou-o a comprar um Ford 37 para seu próprio uso. Gostou da experiência e a partir daí passou a aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto.

”O brasileiro – diz ele – não conserva o carro antigo. Sempre dá preferência ao moderno ou ao do ano. É algo que não entendo;  se o carro está bom, por que não usá-lo?”

O valor histórico de carros das décadas de 20, 30, 40 e 50 é indiscutível. Transformar essas máquinas, gastas pelo tempo, em automóveis com carroçaria, estofamento, parte elétrica e mecânica em ordem é um trabalho de artesão, feito com carinho e conhecimento, pois é preciso entender da mecânica de 50 anos atrás.

A escola que permitiu a Luiz Baptista ser hoje um dos mais entendidos nessa tarefa começou no Senai. Seu aperfeiçoamento deu-se na prática, trabalhando como mecânico e funileiro por 12 anos numa concessionária Ford e quatro anos na extinta Willys, tendo participado em ambas de cursos de especialização. Fora isso, sempre leu muito sobre o tema.

Com oficina própria há sete anos, Luiz e sua equipe, além do trabalho feito com os carros atuais incluem no seu dia-a-dia a recuperação de carros como Jaguar 52, Ford 29 ou Volks 52, exemplos que podem ser encontrados na Agromotor.


As dificuldades

A falta de peças é o maior problema que as oficinas encontram para conseguir colocar um carro antigo em perfeito funcionamento. Segundo Baptista, isto ocorre pois, pelo fato de não valorizar esse tipo de automóvel, ” o brasileiro permitiu sua exportação para os Estados Unidos, onde se paga de paga de 20 a 30 mil dólares por um modelo. A situação só veio a melhorar depois que o Veteran Car Club, hoje agregando aproximadamente 100 sócios, obteve aprovação de lei com objetivo de coibir as exportações de carros da década de 40 para trás.

Além do preço da recuperação do carro, girando em torno de 5 milhões de cruzeiros, temos ainda outros dois problemas que fazem deste um hobby caro: a compra do carro – pois existem poucos – e o local para guardá-lo. ”Mas, com tudo isso, eu já possuo 19 automóveis, dos anos de 32 a 53, exceção feita aos de 43, 44 e 45, época de guerra em que a fabricação de carros foi suspensa”, conta Baptista.


Trabalho e lazer

A classe Turismo 5.000 de carros antigos para corrida é o principal lazer de Baptista, que dedica seus sábados ao preparo dessas máquinas. As provas dessas categorias, diz ele, são realizadas com carros grandes. Aos domingos, ou está em Interlagos participando das provas, ou com a família – esposa e três filhos – em passeios de visitas a museus ou exposições de carros antigos, como os de Caçapava, Bebedouro e outros particulares como o de Og Pozzoli, em Cotia, com 100 carros prontos.

Aficionados em carros antigos, sua coleção já fez jus a 10 troféus, em concursos do Veteran Car Club, organizados anualmente. Baptista é um bom exemplo de quem consegue fundir trabalho e lazer numa coisa só, motivo de seu sucesso.  

Matéria publicada ” Noticias da Oficina” nº29 05/06/1983

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