Separando a opinião das informações incorretas passadas no vídeo publicado no dia 28 de Agosto de 2020 no Youtube, trazemos agora as informações corretas com base em jornais, revistas e documentos de época. É importante deixar claro que não há como falar sobre a história de um carro em poucos minutos ou palavras, por isso, estamos esclarecendo ponto a ponto do que foi falado.
“Fracasso” – Números de produção. (No vídeo … “Terrível fracasso”)
No vídeo, o “fracasso” associado ao Maverick foi baseado na comparação do número de vendas/produção com o concorrente.
Levantamos os dados de alguns veículos nacionais para ter uma visão mais abrangente do mercado brasileiro da época:
Maverick – 108.237 (em 5 anos)
Dodge Dart – 72.934
Dodge Charger – 16.198
Dodge Magnum – 2.246
Dodge Lebaron – 1.114
Dodge Polara – 55.041
Dodge 1800 – 38.652
Aero – 99.621
Itamaraty – 17.216
Gordini – 41.052
Dauphine – 23.887
DKW Belcar – 51.162
DKW Vemaguet – 47.769
VW Variant II – 41.002
Galaxie– 77.647
Todos são fracassos?
Veja agora com relação ao principal concorrente, a produção mundial:
Concorrente principal:
Brasil: 558.022 (só considerar 2 portas e 4 portas). Em 23 anos -24.000/ ano.
Alemanha: 1.276.681 (4 anos).
Total : 1.834.703
Maverick 2 e 4 P:
EUA – 2.099.263 ( em 5 anos).
Canadá – 1.900.000 (aproximadamente).
México – 150.000 (aproximadamente).
Venezuela – 67.000 (aproximadamente).
Brasil – 108.237 Em 6 anos – 18.000 / ano.
Total 4.324.500
Obs: n° aproximado obtido da internet, revistas e livros sobre automóveis (achamos que ambos foram sucessos).
No vídeo: a Clínica … “todos apontaram para o Taunus”.
Fatos oficiais que comprovam a escolha do Maverick e não do Taunus.
A própria Quatro Rodas na época disse em sua reportagem sobre isso:
O POVO ESCOLHEU O MAVERICK.
Mais detalhes: http://mavericknahistoria.blogspot.com/2018/05/clinica-de-1971-escolha-do-maverick.htm
Motor 6 cilindros
No vídeo: “O 6 cilindros Willys do Aero-Willys, do Jipe não poderia dar certo”
A Ford optou pelo motor na versão 6 cilindros pelo fato de poder ser fabricado aqui no Brasil.
Fato: foi utilizada a base do motor 3.0 do Itamaraty que tinha quando lançado 130 HP e não o 2600 de 90 HP do Jeep, Rural, F75, Aero.
Veja o que a Ford fez com este motor 3.0 (184) antes de ser colocado no Maverick:
O 3.0 foi usado no Maverick de 1973 até Julho de 1976
O 2.3 OHC 4 cilindros lançado em junho de 1975 (sendo que o 6 continuou como opcional junco com o 4cil até o fim de sua produção)
Mais detalhes: http://mavericknahistoria.blogspot.com/2019/08/boletim-de-distribuicao-n129-fim-do.html
Testes públicos realizados pela Ford no Maverick 6 cilindros:
Raid da Integração Nacional 1973
Maverick 6 cilindros, Corcel e Belina percorreram 16.755 quilômetros pelo Brasil em 24 dias sem apresentar problemas além de pneus furados e amortecedores gastos pelas estradas de terra, lama e buracos.
Mais detalhes: http://mavericknahistoria.blogspot.com/2013/05/1973-1-raid-da-integracao-nacional.htm
Teste de Economia 1974
Falou-se ainda que “O 6 cilindros era beberrão”, mas vejam:
A Ford promoveu uma prova de economia de combustível com Mavericks 6 cilindros, que foram dirigidos entre outros pelos profissionais de imprensa especializada do Brasil todo, tendo sido obtido até mais de 12km / litro em trecho cidade e estrada. Na época dos Willys usados nos outros citados acima não se reclamava do consumo do combustível. Sem dúvida era um motor de concepção antiga, mas teve uma ótima participação nos carros nacionais e ( “fraco desempenho”, nem tanto! ) atingia 150 KPH.
O que foi pouco divulgado na época, é a competição entre os concessionários. Eles fizeram os mesmos testes que os jornalistas e todos alcançaram bons resultados.
As provas foram feitas com Maverick 4 portas e com 4 pessoas na seu interior. Os 4 portas são um pouco mais pesados que os cupês portanto tem consumo de combustível ligeiramente maior.
Mais detalhes: http://mavericknahistoria.blogspot.com/2013/05/teste-de-economia.html
Teste de resistência 1975
Dessa vez a Ford submeteu o 6 cilindros à 14 dias seguidos sem desligar o motor, parando apenas para abastecer.
Rodaram 20.578 quilômetros:
Mais detalhes: http://mavericknahistoria.blogspot.com/2013/11/1975-teste-de-resistencia.html
Foi dito que “o 4 cilindros também não resolveu..”
Motor 4 cilindros:
Este motor foi fabricado aqui e exportado para ser usado no Cortina, Capri, Granada, Pinto, Mustang II e ocupou o lugar do 6 cilindros com resultado em outros carros como Jeep, Rural, F75, F100.
No Brasil, o melhor motor de sua categoria, pela potência, economia e robustez. Era ainda mais econômico que o 6 cilindros. Ter substituído o motor, não foi o reconhecimento de que o 6 cilindros era ruim, mas sim de que o 2.3 OHC era bom demais. Este motor já vinha sendo produzido no Brasil há um ano exclusivamente para exportação e equipou muitos carros da Ford. Foi falado no vídeo que tinha 75 HP , o que não é verdade pois atingia 102 HP e os 99 declarados foram por questões tributárias ( a concorrência tinha 80 HP).
Mais detalhes: http://mavericknahistoria.blogspot.com/2016/09/as-proezas-do-motor-4-cilindros.html
Foi dito também neste estranho vídeo que o Maverick “não tinha espaço interno no banco traseiro”.
Espaço Interno:
Espaço no banco traseiro não é fator determinante do sucesso de um carro. Se assim fosse, o Mustang, Camaro e outros não teriam a aceitação que obtiveram.
É importante lembrar que o Maverick citado é o modelo de 2 portas. Para ainda mais espaço no banco traseiro, a Ford tinha o Maverick 4 portas e até o Galaxie. Se o principal obstáculo para venda fosse o espaço, o 4 portas seria mais vendido que o cupê, o que não aconteceu: 85.654 cupês contra 11.879 4 portas.
De qualquer forma, em 1975 a Ford promoveu mudanças que aumentaram o espaço interno. Mudanças ainda maiores aconteceram em 1977, onde o espaço e conforto do 2 portas melhorou ainda mais. Na versão cupê tinha o tamanho similar do maior concorrente conforme medições em testes comparativos feitos pela revista 4 Rodas.
Veja:
No vídeo : “não tinha espaço, fraco desempenho e bebia muito”
Desempenho / Vendas Maverick 4 cilindros :
Com referência aos veículos similares à época, estava na mesma linha e até em alguns casos, melhor desempenho.
Teste 4 rodas:
Maverick 6 – 150 KPH igual ao concorrente
Maverick 4 – 155 KPH contra os 150 do concorrente
Ambos tinham desempenho e consumo compatíveis com outros carros nacionais da época apesar de terem em todas as versões mais peso que os concorrentes. Cerca de 150 kg a mais.
Mais detalhes: http://mavericknahistoria.blogspot.com/2013/10/1975-o-ano-do-maverick-de-4-cilindros.html
No vídeo: “Rolaram cabeças dos diretores por causa do Meverick.”
Quase a totalidade dos engenheiros envolvidos no processo trabalhou na FORD até a aposentadoria.
Resumindo, o Maverick chegou para completar a linha de produtos da Ford, a mais completa entre as montadoras no Brasil. O Maverick encaixava-se na faixa de carro médio com as opções:
2 portas – Carroceria fastback com forte apelo ao estilo.
4 portas – Carroceria 17 centímetros maior que a do 2 portas, com formato diferente próprio para famílias e maior conforto.
Motor 6 cilindros – Economia, robustez e durabilidade.
Motor V8 – Alta performance e desempenho esportivo.
Motor 4 cilindros – Moderno, econômico e de simples manutenção.
A Ford ainda oferecia luxo extremo com o Galaxie, praticidade com o Corcel, caminhonetes e Jipe para o trabalho, Belina…
A Ford não dependia apenas do Maverick!
Texto elaborado por Sr. Baptista – Automotor e Juninho Fonseca – Blog Maverick na História.
Assista ao nosso vídeo : https://www.youtube.com/watch?v=BXkNl9Y4DA0
Obrigado !